sábado, 26 de outubro de 2013

Angel [único]

E se você descobrisse que tudo o que viveu não passou de frutos da sua imaginação?
E se você descobrisse que a pessoa com quem você dividiu os melhores momentos da sua vida era fruto da sua imaginação?
E se?


Era um dia frio de inverno, ela voltava da escola, lugar que, muitas vezes, por ela fora denominado inferno. Lugar onde as pessoas só sabiam julga-la e dela falar mal. Mas não hoje, hoje ela havia voltado feliz. O porquê? Ela havia conhecido Bieber, Justin Bieber. O aluno novo de sua escola. Nada sabia sobre ele, mas foi... “amor à primeira vista”, assim digamos. Se é que isso existe, mas para a menina de olhos azuis e cabelos claros existe sim. A pobre e inocente garota sonha em viver uma linda história de amor como nos livros de contos de fadas e romance que já leu ou continua a ler, tais que são sua única diversão neste mundo. Mundo o qual mal sabe ela quão cruel é, mal sabe ela que as pessoas habitantes deste mundo podem ser tão cruéis por dinheiro, luxo e poder. Mal sabia ela, que o mundo não é tão perfeito como pensara.

(...)

 - Tchau papai. – disse Mary ao sair do carro após lançar um sorriso para seu pai.

Ela entrou na escola e foi caminhando lentamente até seu armário, sentindo, como sempre, os olhares dos alunos sobre si. Eles achavam-na a estranha da escola, apenas por que a pobre garota gostava de estudar. Para eles isso não era nada comum, pois a garota nunca em 17 anos sequer namorou ou beijou algum garoto, tudo o que ela fazia era estudar e estudar. De acordo com seu ponto de vista, duas das melhores coisas da vida eram estudar e ler, a menina dizia que assim poderia descobrir coisas novas e viajar para outros lugares e outras épocas ao qual nunca esteve em todos esses anos, já que seu pai não era lá a pessoa mais rica do Canadá, e apenas trabalhava duro para sustentar a mesma. Sua mãe? Elizabeth morreu quando Mary tinha apenas 1 ano e 7 meses de idade, em meio a um acidente de carro. Mary não tem nenhuma lembrança da mãe, por ainda ser muito nova quando a mesma ainda era viva.

 - Olá Mary – disse uma voz rouca ao seu lado fazendo a garota pular de susto por ainda não estar acostumada com alguém se direcionando a ela, pois nunca teve amigos de verdade e as pessoas só falavam com ela quando queriam as respostas de alguma tarefa.

 - Ah, oi Justin, será que dá pra parar de me assustar?

 - Mas eu apenas falei “oi” – disse o garoto sorrindo.

A garota riu e eles se direcionaram as salas. Eram de turmas diferentes, então ela o via apenas nos intervalos. Mary era a única em toda a escola que conversava com Justin, ninguém o olhava ou sequer falava com ele. Mas, ela não achava isso estranho, ela apenas ignorava, ela achava que as pessoas não falavam com ele pelo simples fato de que ele falava com ela. Mas mal sabia ela do verdadeiro motivo.

(...)

As aulas passaram rápido, mas apenas para Mary, pois ela gostava das aulas de história e ciências. Ela pegou seus materiais e guardou em sua bolsa. Depois saiu da sala e, como sempre, era a última a sair. Foi em direção ao refeitório e pegou uma bandeja onde colocou apenas um sanduiche e uma lata de Coca Cola. Sentou-se na mesa mais distante de todos e tirou seu livro favorito da mochila: Crepúsculo. Ela adorava histórias de amor, principalmente com personagens sobrenaturais. Amava os vampiros, mas seus personagens favoritos eram os lobos.

 - Crepúsculo de novo Mary? – perguntou Justin sentando-se ao lado dela.

 - Sim, ainda não acabei.

 - Mas você já leu 7 vezes! Não cansa?

 - Não. Os livros são minha única fuga da realidade – ela disse com um sorriso torto nos lábios.

 - Se você diz.

(...)

Os dias foram passando, literalmente se arrastando. Cada dia Mary estava mais próxima de Justin. Ela estava realmente apaixonada por ele. Ele havia ido algumas vezes a casa dela, mas apenas quando seu pai não estava em casa. Ela também fingiu não perceber isso. Estavam os dois assistindo a um filme na Tv, sentados no sofá de couro da sala de Mary. Estavam um de cada lado do sofá, não se encostavam, na verdade, ela nunca havia tocado nele. E isso neste momento passou pela sua cabeça e deixou-a intrigada.

 - Justin?

 - Sim?

 - Qual seu personagem sobrenatural favorito entre lobos e vampiros?

 - Qual o seu?

 - Eu perguntei primeiro.

 - Se você não responder eu não respondo.

 - Eu gosto dos vampiros, mas amo os lobos.

 - Eu prefiro fantasmas. – a menina estranhou.

 - Por que fantasmas? – ela perguntou intrigada.

 - Sei lá, me identifico. – isso intrigou-a mais ainda.

 - Por que você nunca me tocou? – o menino ficou tenso.

 - Como assim Mary?

 - Tocar, encostar. Por que nunca te toquei?

 - Não sei.

 - Posso te tocar? – disse a menina se aproximando.

 - Não. – disse o garoto e se afastou.

 - Por quê?

 - Por que não.

 - Por que não, não é resposta.

 - Mary, eu vou indo, está tarde. – ele disse e se foi.

(...)

Passou-se uma semana que Justin não ia pra escola, Mary ficou na mais absoluta solidão, os alunos da escola, agora a olhavam de um jeito diferente. Como se ela fosse estranha, tivesse algum problema, o que a deixou triste.

Ela estava na aula de Matemática, única aula da qual não gostava. Até que o inspetor da escola bate na porta da sala de aula.

 - Com licença, senhorita Roberts, a diretora está chamando.

Ela se levantou e seguiu o inspetor até a sala da diretora. Chegando lá, ele abriu a porta pra ela, que agradeceu com um sorriso e adentrou a sala encontrando a diretora e seu pai sentados.

 - Pai? – a menina perguntou ao vê-lo.

 - Sente-se Mary. – disse a diretora e a menina fez o que ela mandou. – Nós temos um assunto muito importante a tratar.

 - Assunto importante? – indagou ela.

 - Sim. Bom, Mary com quem você anda conversando esses dias?

 - Com um garoto que estuda aqui. – seu pai e a diretora se entreolharam.

 - Qual o nome dele Mary? – perguntou seu pai.

 - Justin Bieber.

 - Mary, está bem?

 - Estou ótima, o que está acontecendo?

 - Nós não temos nenhum aluno chamado Justin, Mary.

 - Claro que tem! Como assim? Vocês querem dizer que sou louca? – ela disse aumentando o tom de voz.

 - Acalme-se Mary. – falou seu pai.

 - Pode me dizer como ele é? – a diretora perguntou.

 - Bom, ele tem olhos cor de mel, cabelo claro, tatuagens e é alto.

 - Nós definitivamente não temos nenhum aluno assim.

(...)

Mary então, enlouqueceu de vez depois que descobriu que não havia nenhum aluno chamado Justin em sua escola. Ela teve ataques, ninguém podia falar com ela. Chegou até ao ponto de entrar em depressão e se cortar, e seu pai se viu na obrigação de interna-la. Ela já estava há duas semanas naquele sanatório, não podia receber visitas de ninguém. Estava completamente solitária.

Ela estava dormindo, até que acordou com a sensação de estar sendo observada. Levantou-se e olhou em volta, encontrado Justin encostado na parede ao lado de sua cama.

 - O que faz aqui?

 - Vim te buscar Mary.

 - Buscar?

 - Sim, buscar.

Dois dias depois, foi encontrado no chão de seu quarto seu corpo sem vida. E ao seu lado, um papel, com um pequeno texto escrito em uma caligrafia perfeita que pertencia a doce menina.

“Muitos não sentirão minha falta, alguns sim. Mas quero que saibam que parti em busca de um lugar melhor, em busca de um lugar onde as pessoas não te julguem por ser quem você é. Um lugar onde você possa viver em paz, sem ser perturbado por pessoas que nada mudarão em sua vida. Mas não fui sozinha. Estou muito bem acompanhada, por Justin. Meu anjo, meu querido anjo.”



Nenhum comentário:

Postar um comentário